quarta-feira, 29 de setembro de 2021

APELIDOS MORTAIS

QUANDO A 'SABEDORIA POPULAR' ROTULA, NÃO HÁ PROPAGANDA QUE DÊ JEITO

Por Guilherme Augusto Zacharias

A concorrência entre marcas e modelos de automóveis, ao longo da história automobilística, nem sempre ficou restrita aos destaques dados por seus fabricantes nas propagandas veiculadas nos mais diversos meios de comunicação. Outra força ‘midiática’, certamente a mais poderosa de todas, produziu, em alguns casos, verdadeiras baixas na briga pela conquista do mercado de automóveis: a opinião pública.

Cilindradas Magazine selecionou três cases de insucesso que marcaram época na indústria automobilística. Aqui e no exterior.

VW 1600 04 PORTAS - O ‘Zé do Caixão’

Fotos Arquivo CM

Bastaram as linhas retangulares e as quatro maçanetas parecidas com alças de caixão para que esse modelo, lançado em 1968, fosse apelidado de ‘Zé do Caixão’, em referência ao cineasta brasileiro José Mojica Marins (1936-2020), conhecido no mundo inteiro por seus filmes de terror. Durante os três anos em que foi produzido, teve grande aceitação entre os taxistas, que viam no ‘Zé do Caixão’ um modelo eficaz para o trabalho, já que as quatro portas facilitavam o acesso dos passageiros.

No entanto, grande parte da opinião pública, carregada de misticismos, tratou logo de eleger o Fusca 04 portas como um veículo que trazia mau agouro, pela forma e pelo apelido. Em 1971, com apenas 38 mil unidades vendidas, o ‘Zé do Caixão’ saiu de cena para entrar para a história como um dos maiores micos da indústria automobilística brasileira. Veja aqui a propaganda do VW 1600.

VW FUSCA COM TETO SOLAR - O ‘Cornowagen’


Primeiro carro com teto solar fabricado no Brasil, em 1965, essa versão do Fusca teve vida curta entre nós. Apesar de um sistema de acionamento bastante rústico, feito por manivela, e da péssima vedação que permitia com que a água da chuva e o vento penetrassem sem cerimônia no interior do veículo, o motivo de esse modelo ter caído em desgraça foi o apelido de ‘Cornowaguen’, como logo ficou conhecido.
As poucas unidades comercializadas, em sua maioria, foram ‘reparadas’ por seus proprietários, que, inseguros quanto às questões afetivas, logo se encarregaram de fechar o teto solar, anulando aquele inovador e polêmico diferencial. 
As costumeiras más línguas atribuíram o apelido ‘Cornovaguen’ à criatividade de um executivo da Ford, coincidência ou não, a primeira montadora de automóveis a reeditar o teto solar em veículos de série, como o Del Rey, em 1983, e o Escort, em 1984. 
Entre outros aspectos, a propaganda de época exaltava o teto solar daquele modelo. Veja aqui 

FORD EDSEL - O cara de ‘vagina com dentes’

Em fins da década de 1950, a Ford resolveu fazer uma homenagem a Edsel Ford, filho do fundador da empresa, Henry Ford (1863-1947), morto em 1943 aos 49 anos. A chegada desse V8 de 300cv de potência ao mercado automotivo americano, apesar de toda a expectativa criada em torno do seu lançamento, ficou bem aquém do que esperava a montadora.

O conservadorismo estadunidense não tardou em carimbar o Edsel com apelidos nada recomendáveis para a época. Por causa do seu design frontal, ‘vagina com dentes’, ‘vaso sanitário’ e ‘trator chupando limão’ foram alguns dos títulos que ‘homenagearam’ o malfadado Edsel.

Em 1960, com pouco mais de 118 mil modelos comercializados nos Estados Unidos e fora dele, em mais de três anos desde o seu lançamento, o Ford Edsel deu adeus ao mercado automobilístico, melancolicamente. Em compensação, hoje, o modelo faz muito sucesso entre colecionadores e admiradores de Antigos.

Em 1959, a propaganda da Ford não mostrava a frente do Edsel. Veja aqui

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